quinta-feira, 30 de outubro de 2014

Pendulum


Um encontro entre a arte e as fotografias post mortem do século XIX, onde mortos eram fotografados como se estivessem vivos

No próximo Dia de Finados (02), a artista Vanessa Loiola inaugura a exposição “Pendulum”, no Cemitério Vertical de Curitiba. A mostra traz fotografias em que as pessoas já falecidas eram fotografadas como se estivessem vivas (acordadas ou adormecidas).

As fotografias, brasileiras, mexicanas, americanas e européias, serão apresentadas em molduras/medalhões, instaladas juntamente com antiguidades autênticas, como relógios antigos provenientes de acervo particular e do acervo do Museu Ferroviário de Curitiba. A proposta é resgatar os antigos medalhões do século XIX, onde estas fotografias eram guardadas e usadas como joias.

Sob o viés da arte, um resgate da herança cultural histórica das fotografias post mortem vitorianas. Resgata igualmente relógios de carrilhão do século XIX, que, em meio a beleza e nostalgia, convidam a uma reflexão sobre a vida, o tempo e a memória.

Fotografias post mortem: são imagens de pessoas falecidas, retratadas como se estivessem vivas ou adormecidas. Estas fotografias surgiram quase simultaneamente a invenção do processo fotográfico no século XIX. A maneira de se obter uma fotografia naquele período, era muito diferente dos meios atuais.

Inicialmente, estas fotos eram obtidas a partir do processo daguerreótipo, onde a imagem era produzida sem negativo sobre uma placa de cobre folheado em prata polida. Estas fotografias eram então montadas em estojos de couro trabalhado forrados em veludo, como verdadeiras joias.

Embora possuíssem um custo reduzido em relação a um retrato pintado, o retrato daguerreótipo revelado sobre uma superfície em prata polida era um luxo caro, por isto para muitas famílias, a fotografia post mortem era a única imagem gravada do falecido que a família já possuiu. Sua importância está ligada ao fato de que muitas vezes eram o único registro visual da materialidade do ente querido: imagine uma mãe que perdesse um filho e não possuísse nenhuma fotografia sua para que pudesse recordar-se de seu rosto. Estas fotografias eram, portanto, formas de imortalizar o ente querido na memória de sua família, e eram feitas por cuidado e amor, possuindo um valor histórico e cultural inestimável.

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