sexta-feira, 17 de julho de 2015

São Vicente denuncia descaso da Prefeitura e do Governo Estadual


Devido aos atrasos de repasses, que se arrastam nos últimos dois anos, o hospital curitibano demitirá 300 funcionários e estuda a paralisação dos atendimentos ao Sistema Único de Saúde (SUS)

No mês de novembro de 2014, o Hospital São Vicente – FUNEF anunciou o fechamento de uma de suas unidades, na Cidade Industrial de Curitiba (CIC), devido aos atrasos nos repasses dos recursos do Sistema Único de Saúde (SUS) por parte da Prefeitura Municipal de Curitiba. Na ocasião, a unidade ficou fechada durante uma semana e os funcionários receberam aviso prévio. A situação só foi revertida após a Secretaria Municipal de Saúde prometer pagar imediatamente a dívida que na época era de, aproximadamente, R$ 2 milhões.

Sete meses após a promessa, apenas uma parte do dinheiro atrasado entrou na conta do hospital e os repasses do ano de 2015 não apareceram, comprometendo totalmente os serviços da entidade, que vive hoje o pior momento de sua história. Só na unidade da CIC, o Hospital São Vicente disponibiliza 45 leitos, que servem 100% ao Sistema Único de Saúde (SUS). No local são feitos, em média, 200 internamentos por mês de pacientes de baixa e média complexidade.

“Ao longo dos últimos anos, é recorrente o problema dos atrasos nos repasses, não sendo apenas um problema da atual gestão. O problema é que essa dívida virou uma bola de neve que está comprometendo financeiramente o Hospital São Vicente – FUNEF. Hoje, estamos fazendo um esforço brutal para manter o hospital aberto. Somando tudo, temos quase dois anos de repasses atrasados nas unidades da CIC e do Centro”, detalha Marcial Carlos Ribeiro, diretor superintendente do Hospital São Vicente – FUNEF.

A falta de pagamento fará com que o hospital tenha que demitir 300 funcionários nos próximos dias, além de gerar a paralisação de alguns serviços. Na unidade do Centro, por exemplo, o São Vicente foi obrigado a fechar cinco UTIs que eram de uso exclusivo da Prefeitura Municipal de Curitiba. “Infelizmente tivemos que tomar algumas atitudes drásticas, que tentamos segurar ao máximo. Teremos que demitir 300 dos nossos 900 funcionários. Como não existe pagamento, estamos repensando as parcerias com a Secretaria Municipal de Saúde. As UTIs do Centro nunca foram pagas, e nós tivemos que cancelar o serviço”, comenta Ribeiro.

Governo do Estado pediu UTI, mas não pagou

No final de 2013, o Governo do Estado do Paraná pediu a instalação de mais uma UTI no São Vicente, que seria de uso preferencial. Após construir e equipar o novo espaço, o hospital foi surpreendido com o não pagamento dos R$ 750 mil reais que seriam repassados pelo Governo. “Essa é mais uma situação que mostra o descaso com que os governantes tratam a saúde no Brasil. Estamos cobrando esse valor há um ano e meio, e não existe previsão alguma para o pagamento”, detalha o diretor superintendente do hospital.

Segundo Marcial Carlos Ribeiro, a instituição só não fechou definitivamente as portas porque uma parte dos atendimentos é paga com recursos privados, oriundos dos pacientes particulares da sede do Centro. “O dinheiro pago por pacientes particulares está sendo utilizado para cobrir despesas emergenciais e, também, para manter até agora a parte que atende pelo SUS em funcionamento. Esse processo está minando o futuro do hospital, que hoje tem milhões em dívidas geradas por todo esse descaso que se arrasta durante os últimos anos. Se isso não for resolvido rapidamente, a população curitibana será mais uma vez a grande prejudicada”, completa.

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