segunda-feira, 24 de agosto de 2015

Hospital São Vicente e os planos para um momento de crise


Apesar dos problemas envolvendo a área de filantrópicos no Brasil, instituição paranaense almeja ampliar acesso à saúde da população

É possível oferecer saúde de qualidade para as pessoas mesmo com cenário negativo em que vivem os hospitais filantrópicos no Brasil. O caso do Hospital São Vicente, de Curitiba (PR), é um exemplo claro de que, se o time jogar junto, o resultado sempre será positivo independente do adversário.

Criado em 1939, o Hospital São Vicente era uma tradicional entidade paranaense que, alguns anos mais tarde, entraria em decadência. Com data marcada para o encerramento das atividades, em 2002, o hospital comportava 40 leitos, 35 médicos e outros funcionários com salários atrasados. Foi quando o médico hepatologista, Marcial Carlos Ribeiro, na época já presidente da FUNEF(Fundação de Estudos das Doenças do Fígado), e uma equipe assumiram a administração do Hospital São Vicente. Na época, a FUNEF era o órgão responsável por alugar os únicos equipamentos adequados para atender a população.

Após anos de reconstrução total, seja física e administrativa, o Hospital São Vicente se reergueu e, em 2007, foi classificado no país como o 13º em rentabilidade. No mesmo ano, passou a fazer parte da rede de Hospitais Sentinelas, que pertence ao Ministério da Saúde, e fez parte da Acreditação Hospitalar atingindo o nível máximo de excelência. Nesta época, o Hospital São Vicente já era considerado um dos melhores e mais considerados do país.

Hoje, a unidade que fica no centro da capital paranaense conta com 141 leitos, 350 médicos e mais de 900 colaboradores. Ao longo destes anos foram construídas salas de espera, especialmente a destinadas a Sistema Único de Saúde (SUS), o que diminui o fluxo intrahospitalar de mais de seis mil pessoas por mês. Só no ano de 2014, foram realizados 200 mil atendimentos em diversas áreas, sendo 120 mil destinadas aos pacientes do SUS.

Em 14 anos, Hospital São Vicente foi reconstruído e a equipe ampliou as instalações, inclusive com a aquisição do Hospital Santa Izabel na Cidade Industrial de Curitiba, atualmente conhecido como São Vicente - CIC. “Nosso princípio de trabalho se resume em três palavras: criatividade, agilidade e resultados. De que forma seria possível essa evolução se essas premissas não fossem cumpridas? Para trabalhar conosco essa é a nossa exigência”, explica Marcial Carlos Ribeiro, diretor-presidente do Hospital São Vicente – FUNEF.

Recentemente, o Serviço de Residência do Hospital São Vicente foi qualificado como exemplo para o país. Nos próximos anos, o plano administrativo da FUNEF é ampliar a unidade do Hospital São Vicente - CIC: dos atuais 40 para 180 leitos, com unidades especializadas, destacando-se a de oncologia. Atualmente, a unidade do CIC está fechada temporariamente, mas em poucos meses começará a ampliação da unidade. “O tratamento do câncer é uma das maiores deficiências do sistema de saúde atual, onde a espera para receber uma quimioterapia ou fazer a radioterapia ultrapassa qualquer limite aceitável e colocando a sobrevida desses pacientes em risco”, ressalta.



Porém, um dos problemas encontrados para esta ação, segundo o médico, encontra-se na Prefeitura Municipal. “Inicialmente com a secretaria de meio ambiente, cuja letra fria da lei ultrapassa os limites do bom senso, em razão de recuo de um córrego e não respeitado à direita ou à esquerda com construções já instaladas. Vencida essa etapa, depois foi a vez do setor de urbanismo atrapalhar. Já na lateral da área do hospital existe uma área de propriedade da prefeitura, até então não utilizada para nada a não ser como ponto de consumo de drogas. Ainda estamos aguardando uma definição.



Outro problema é de ordem financeira. Em 2014, em consequência dos problemas nacionais, e retardamento em atitudes corretivas, o déficit operacional foi de R$ 3,5 milhões, o que dificulta ainda mais a prestação de serviços a quem realmente precisa. “Aí está um grande problema, pois isso já inviabiliza os hospitais filantrópicos, pois para se manter filantrópico, 60% dos atendimentos devem ser realizados via SUS. Isso porque a maioria dos hospitais filantrópicos é insolvente”, pontua Marcial.



São cinco milhões de reais gastos com despesas mensais em juros bancários apenas em Curitiba. Pense que, se estes valores fossem utilizados na assistência médica de fato, milhares de pessoas teriam acesso facilitado a seu bem maior: a saúde. No Paraná em geral, até dezembro de 2014 foram fechados 5.445 leitos hospitalares. No Brasil, a notícia que se espalha é que centenas de milhares de leitos estão sendo desativados.



Mesmo assim, a administração do Hospital São Vicente acredita que, em tempos de crise, a união faz a força. Se todos olharem pelo bem dos hospitais filantrópicos, estes sobreviverão. “Após a reconstrução do Hospital São Vicente nesses anos que se passaram, torcemos para que os problemas sejam resolvidos em sua plenitude. Assim conseguiremos ampliar ainda mais o acesso à saúde de qualidade para as pessoas”, finaliza o diretor.

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