segunda-feira, 18 de março de 2019

Bispo Dom José: novo perfil de estabelecimentos reafirma o seu posto de polo gastronômico de Curitiba

Guilherme Requião e Daniel Mocellin,
 sócios proprietários da Whatafuck Hamburgueria




Reunião de estabelecimentos do perfil “comida de rua”, como o Whatafuck, pode surgir do acaso, por incentivo da própria administração municipal e de uma tendência da população

O surgimento de diversos polos gastronômicos de rua nos últimos anos, como a Vicente Machado, a Itupava, o Shopping Hauer, além da revitalização da Rua 24 Horas, contraria o estereótipo tradicional do curitibano. Se ele é do tipo que não dá bom dia ao vizinho no elevador, por outro lado, ele – o público jovem, em geral – comprou a ideia de ter uma gastronomia de rua, reunindo estabelecimentos de um perfil semelhante na mesma via e próximos um do outro.

O mais novo polo é o da Bispo Dom José, com a presença da Whatafuck Hamburgueria, Pilgrim, Lagarto Rosbife e Doca 9. Localizados na continuação da Avenida do Batel, um dos pontos de concentração de bares e casas noturnas, os novos estabelecimentos oferecem um tipo diferente de gastronomia a um custo mais acessível em um dos locais mais badalados da capital paranaense.

Como surgem os polos?

E como surgem esses polos gastronômicos? Segundo a administradora, doutoranda e mestre em Gestão Urbana e professora do ISAE Escola de Negócios, Schirlei Mari Freder, o nascimento desses polos pode ocorrer de duas maneiras: por iniciativa própria dos empresários – de se reunirem em um mesmo local; e por ações de planejamento urbano, caso da Rua 24 Horas, por exemplo.

Esses polos não estão apenas na gastronomia e é fácil encontrar exemplos ao longo da cidade: Avenida Manoel Ribas e suas lojas de móveis e decoração; a Rua Riachuelo, com antiguidades e móveis; a 24 de maio e os seus eletrônicos; a Teffé, com os comércios de calçados; Arthur Bernardes e Mario Tourinho, com diversos espaços para comercializar carros, assim como a Avenida Marechal Floriano Peixoto.

“A configuração dos espaços ocorre por meio dos instrumentos de planejamento urbano, que determinam que tipos de atividades podem ser desenvolvidas em determinados locais e também a partir das iniciativas particulares dos empresários que acabam se organizando e implantam seus comércios em uma mesma localidade. Lembrando também que a cidade tem o viés competitivo e busca atrair tanto atividades econômicas permanentes, quanto as temporárias”, explica Schirlei.

Pessoas são o fator determinante

No entanto, o fator determinante para o seu sucesso está no fato de a sociedade se apropriar dos espaços – o que nem sempre é reflexo de incentivo fiscal, por exemplo. “Podemos ver essa apropriação em diferentes períodos do tempo. Enquanto uma determinada geração aceitou, outra negou, e isso ocorre o tempo todo nas cidades. Sem dúvida, Curitiba também vem se modificando e podemos perceber pelos diferentes fenômenos urbanos como as vagas vivas, ocupação de parques e praças, e tudo isso é reflexo da sociedade atual”, explica Schirlei.

No caso do Whatafuck, a loja da Bispo Dom José, inaugurada no último mês de fevereiro, segue o conceito idealizado pelo negócio: os clientes compram o lanche para consumi-lo na rua, resultando em baixo custo e a possibilidade de ter um alto giro de clientes. “Dentro desse conceito de ocupação da cidade, acreditamos que a calçada é muito mais do que um espaço de passagem das pessoas. É um espaço urbano que precisa ser ocupado”, completa Daniel Mocellin, sócio proprietário da hamburgueria.

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