terça-feira, 12 de maio de 2020

O isolamento fortalece nosso lado feminino



Texto de Sergio Savian*

Para o taoismo o masculino está relacionado com a ação, com o racional, é o princípio ativo. O feminino é o suave, o delicado, o subjetivo, o receptivo. Lembrando que masculino e feminino estão presentes em todos nós, homens e mulheres; e cada um os desenvolve em maior ou menor grau dependendo da cultura e da formação que teve.
Durante muito tempo valorizou-se muito mais o masculino que o feminino. E o mundo se desequilibrou tornando-se excessivamente agressivo, pragmático, faltando sensibilidade no trato com a natureza, consigo mesmo e com as relações pessoais. Não preciso dizer que o mundo tem sido governado muito mais pelos homens, com seu ponto de vista, do que pelas mulheres.
Outra coisa: ao invés de desenvolvermos o feminino de dentro para fora, com sensibilidade e empatia, vestiu-se uma fantasia feminina estereotipada pelos cabelos, maquiagem e roupas. Quer dizer, tentou-se com a imagem substituir o fato.
Hoje em dia valoriza-se muito mais a carreira que o amor. Presta-se muito mais atenção na matéria do que no espírito. Falta paciência com o que é sutil. Correria, poluição, barulho, tudo isso vai nos dessensibilizando.
A extroversão, é masculina; a introversão, feminina. O mundo assertivo é masculino; o mundo doméstico, feminino. Olhar pra fora, masculino, olhar para dentro, feminino. A objetividade é masculina, a subjetividade, feminina. A política, a economia e até a ciência encara a realidade com olhos carnais. A religião, a poesia e a arte tem outra visão, não material.
O que está acontecendo agora? Todos dentro de casa, obrigatoriamente ficamos mais em contato com a gente mesmo e com aqueles que estão a nosso redor. Dispensamos as pessoas que faziam os serviços domésticos, que cuidavam dos nossos filhos, que cuidavam da gente. E todas essas funções agora devem ser exercidas por nós mesmos.
Quem não conseguia meditar, agora precisa, senão vai pirar. Quem não prestava atenção nas relações, agora é obrigado. Quem não gostava de cozinhar, lavar louça e arrumar a casa, não tem outra saída, vai ter de fazê-lo. Você não tem para onde ir, com quem reclamar. Desenvolver o feminino agora é uma questão de sobrevivência.
Podemos dizer que o princípio masculino, que estava tão exacerbado, leva agora um duro golpe. E o feminino mostra a cara. E não adianta se rebelar. A ordem é essa: reconhecer o que não estávamos valorizando. A hora é de nos tornarmos mais empáticos, mais suaves, cuidar, cuidar e cuidar. Qualquer discurso de gênero agora perde o sentido, pois, além do que se fala por aí, este isolamento está nos ensinando na prática - a consciência de que nenhum dos lados da polaridade feminino-masculino deve preponderar. No caminho do meio está a unicidade, a sabedoria. Mas para alcançar esse equilíbrio, o princípio feminino marca agora sua presença e vai se fortalecer.

*Sergio Savian - psicanalista clínico (agende uma consulta online pelo Whatsapp 11 98383 9305)


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