sexta-feira, 5 de abril de 2024

Mais de 60% das doenças infecciosas são transmitidas por animais


Comemorado no dia 7 de abril, o Dia Mundial da Saúde marca a fundação da Organização Mundial da Saúde (OMS). E é justamente da OMS, agência do sistema das Nações Unidas (ONU) especializada em saúde, que vem o alerta: cerca de 60% das doenças infecciosas em humanos têm sua origem em animais.

Em todo o mundo existem mais de 200 tipos de zoonoses e mais de metade (60%) são causadas por patógenos conhecidos, como vírus, bactérias, parasitas, protozoários e fungos.

As zoonoses correspondem a 75% das doenças emergentes, aquelas que se espalham rapidamente entre a população, como a Covid-19, dengue, sarampo, caxumba, ebola e malária. De acordo com o Ministério da Saúde, 62% das doenças da lista de notificação compulsória no Brasil também são zoonoses.

O caminho para conter o avanço desses números é apostar em uma abordagem de saúde única – ou one health. O conceito faz a interconexão entre a saúde humana, animal e ambiental, propondo uma forma integrada para lidar com os desafios de saúde pública.

O UniCuritiba – instituição da Ânima Educação, o maior e mais completo ecossistema de ensino superior de qualidade do país – é referência no assunto e aposta na conscientização como carro-chefe do projeto de extensão Saúde Única. Coordenado pela médica veterinária Fernanda Cristina Bortolotto, a iniciativa trabalha justamente o tripé saúde humana, saúde animal e meio ambiente.

“O projeto Saúde Única é uma oportunidade de melhorar a proteção da saúde pública, animal e ambiental por meio de ações sociais, difusão de conhecimento e políticas de prevenção e controle de patógenos e de ameaças na interface homem, animal e meio ambiente”, explica a professora do curso de Medicina Veterinária.

Segundo Fernanda, durante todo o ano passado os estudantes do UniCuritiba levaram informações sobre cuidados com animais, prevenção de zoonoses e preservação da fauna às escolas de ensino fundamental de Curitiba. “Por meio de palestras e ações de conscientização, o projeto aumenta o conhecimento das comunidades e ajuda na redução das zoonoses.”

As temáticas abordadas pelo projeto Saúde Única em 2023 estavam em sinergia com dois dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU: Saúde e bem-estar (ODS 3) e Vida terrestre (ODS 15).

“O objetivo principal é conscientizar os futuros cidadãos a cuidar e a preservar o nosso planeta. Nós acreditamos que é possível transformar o mundo pela educação, começando pelas comunidades e cidades onde estamos inseridos. É isso o que nos move”, afirma a docente dedicada a projetos de pesquisa e extensão pelo Ânima Lab HUB – uma rede de experimentações e de aceleração de pesquisas aplicadas.

Engajamento e informação acessível à comunidade

Para cumprir seu objetivo, o projeto Saúde Única do UniCuritiba promove palestras em escolas, campanhas de conscientização, divulgação de informações em redes sociais, experiências práticas de manejo e cuidado com os animais, ações sociais, campanhas de auxílio a ONGs de animais silvestres, arrecadação de doações e atendimentos solidários.

O projeto nasceu em 2020 e, até o momento, mais de 400 estudantes dos cursos de Medicina Veterinária, Biologia, Biomedicina, Farmácia, Nutrição, Odontologia e Fisioterapia já se dedicaram à iniciativa. Em 2023, foram realizadas oito palestras e duas campanhas de arrecadação de ração e outros itens para ONGs dedicadas a pets em situação de vulnerabilidade.

Neste ano, antecipa a coordenadora do projeto, Fernanda Bortolotto, uma nova parceria com a Prefeitura de Curitiba deve ser formalizada para garantir a continuidade das palestras e novas campanhas de conscientização nas escolas do município.

“É impossível dissociar a saúde humana da saúde animal ou negligenciar as interferências do meio ambiente nesse complexo ecossistema. O aumento das zoonoses é um problema de saúde pública global agravada por inúmeros fatores”, explica a professora do UniCuritiba.

Entre as causas do aumento das zoonoses estão as mudanças ambientais provocadas pelo desmatamento e pelas alterações climáticas, a globalização e um número cada vez maior de pessoas circulando entre países (fluxo capaz de acelerar a disseminação de surtos e pandemias), práticas agrícolas e pecuárias inadequadas e sem rigor sanitário, crescimento acelerado das cidades e pouca infraestrutura em saneamento básico.

De acordo com a médica veterinária atuante também na área de Ciência, Tecnologia de Alimentos e Higiene, Fernanda Bortolotto, o crescimento dos casos de zoonoses tem ainda uma estreita relação com aspectos socioeconômicos - como a pobreza e a desigualdade social -, desinformação sobre os riscos das zoonoses e medidas ineficazes ou insuficientes para fazer a prevenção e o tratamento das doenças.

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