Comemorando 50 anos de carreira, o artista plástico curitibano Walton Wysocki abre nesta terça-feira, às 20h30, a exposição "Made in Brazil". O trabalho de arte contemporânea presta uma homenagem aos índios brasileiros. São 110 obras que investem no conceito do “tridimensional contemporâneo”, numa fusão de materiais reciclados, ícones indígenas, arquitetura e muita criatividade.
Na mesma noite, ele lança o livro também intitulado como “Made in Brazil”. A publicação, cataloga todas as 110 obras, além de fazer um apanhado do meio século de carreira de Walton – também um retrato de parte da história cultural de Curitiba.
A EXPOSIÇÃO
A exposição é fruto de nada menos que oito anos de trabalho, nos quais produziu incansavelmente, sem expor ou comercializar trabalho algum.
Durante este período, criou muito e aprofundou a técnica de montagem dos trabalhos com sobras de madeira e outros materiais que iriam para o lixo. Coletou restos de produtos em fábricas de móveis, indústrias e também nas caminhadas pelo bairro onde vive e tem sua própria Galeria, o Bigorrilho.
Fez uma colheita sem fim de artigos variados: forquilhas de árvores podadas (no formato dos tradicionais estilingues, brinquedo predileto na sua infância), restos de madeira, cabides, palitos de picolé, espetos, pazinhas de sorvete, tampas de embalagens de suco, vassouras de piaçaba desfiadas, cordas e fios, entre outros. Sempre sob o rigor do desenho e da geometria, criou peças únicas a partir destes materiais reciclados. São esculturas e também os “tridimensionais contemporâneos”, que evocam imagens da cultura dos índios, como pinturas corporais, cocares, festejos tribais, cerimônias religiosas, armas, animais e ferramentas.
Entre as obras de maior impacto estão as mandioqueiras, que chegam aos três metros de altura. Com formas inspiradas nos “tipitis”, artefatos de palha utilizados pelos índios para secar a mandioca selvagem ralada, compõem um intrincado conjunto de detalhes.
“O projeto Made In Brazil tem por objetivo o resgate e a releitura artística do universo de nossos indígenas, há séculos vítimas da opressão” , explica Walton. “Boa parte dos trabalhos é voltada para a exploração das texturas, efeitos de madeira descartável e demais objetos, dando-lhes um caráter tridimensional”.
O LIVRO
A publicação, com 118 páginas, cataloga toda a produção tridimensional contemporânea de Walton Wysocki. Também resgata as fases anteriores do artista, calcadas na pintura figurativa, e conta passagens como os salões de arte e uma visita do pai da Lei Rouanet a Curitiba. Autodidata, Walton participou de individuais e coletivas. Foi integrante do Círculo de Artes do Paraná e coordenou eventos que marcaram época, como a série Curitiba Arte, que chegou até a décima edição.
Walton nasceu no Bairro Mercês, em 1937, e começou a desenhar nos papéis de embrulhar compras do armazém de secos e molhados que os pais possuíam na vizinhança. Há 15 anos não realizava uma individual. Mas como o menino que não cansava de disparar seu estilingue, continua mirando novos caminhos para sua arte. “Depois de 50 anos de carreira, tenho muito para aprender, desenvolver e doar”.
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