O
Memorial de Curitiba abriga a partir desta sexta-feira (9) a exposição “Ouro
sobre o Azul”, do artista português Seixas Peixoto. A mostra é resultado de um
ano de pesquisas e seis meses de produção artística sobre a técnica da filigrana
portuguesa, método tradicional de execução de joias praticado principalmente na
região norte de Portugal. Nessa técnica, o artista elaborou quadros com fundo na
cor azul e desenhos de filigranas douradas.

Em sua trajetória, o
artista Seixas Peixoto atuou em áreas variadas como a arquitetura, o design de
moda e a publicidade, optando definitivamente pela pintura e escultura. Já
realizou 50 exposições individuais, participou de mais de 100 coletivas e
recebeu diversos prêmios. Um deles foi o troféu Pinheiro do Paraná, concedido
pela prefeitura de São José dos Pinhais, por uma obra comemorativa dos 500 anos
do descobrimento do Brasil. Seixas Peixoto também já expôs no Aeroporto Afonso
Pena.
História da filigrana
portuguesa – Manuel Rodrigues de
Freitas, do Museu da Ourivesaria Tradicional Portuguesa, produziu o seguinte
texto sobre a filigrana portuguesa:
“Grânulos dispostos em
fios ou filas, assim define-se a técnica da filigrana. Para se conseguir
esse efeito, em um passado bastante recente, colocavam-se juntos dois fios de
ouro ou prata com a espessura aproximada de um fio de cabelo e, com a ajuda de
duas tábuas e um movimento de vai e vem, os fios se enrolavam consequentemente
um ao outro. Como efeito, a tal ilusão de grânulos sequenciais.
É
bem possível que as principais técnicas de fabrico de ourivesaria, (repuxo,
soldadura, granulação e filigranação) tenham nascido na antiga Mesopotâmia, hoje
território do sul do Iraque, e irradiado para todos os povos – para o
Mediterrâneo e Ocidente, com os fenícios, para Oriente pelos mercadores da rota
da seda e posteriormente para a costa oriental da África pelos
árabes.
Os
etruscos (povo que antecedeu os romanos) desenvolveram a granulação à máxima
perfeição, que consistia em dispor dezenas de milhares de microscópicos grânulos
em pequenas joias, formando figuras geométricas, isomórficas ou florais. Esta
técnica desapareceu, aparecendo posteriormente imitações de qualidade muito
inferior, mas apesar de tudo também muito bonitas.
A
filigrana dá o mesmo aspecto estético da granulação, mas com muitíssimo menos
trabalho. Se os etruscos foram o expoente máximo na granulação, os portugueses
são atualmente os que fabricam a mais fina e bela filigrana de todo o mundo e
de todas as culturas.
Nas oficinas fabricam os
esqueletos (contornos exteriores) das peças que entregam a senhoras, juntamente
com o fio torcido (filigrana), que com uma enorme habilidade manual entalam,
com a ajuda de uma pinça, aquele fio dentro dos referidos esqueletos. Depois de
preenchidos os espaços com a filigrana formando belíssimas figuras, a peça volta
à oficina onde é acabada. O maior segredo consiste em soldar todos os finíssimos
fios uns nos outros, sem os adulterar, mantendo uma peça compacta.
O
centro mais antigo onde se fabrica a filigrana é a Povoa de Lanhoso, no entanto,
e de uma maneira geral, a mais fina e sublime é feita nas oficinas de Gondomar.
Vale realçar que, dada a facilidade e rapidez com que se fabrica uma peça de
filigrana, e por incrível que pareça, ela aparece nas montras das ourivesarias
a preços inferiores à maioria das importadas feitas em série, sem alma e à mercê
da flutuação da moda.”
Serviço:
Exposição “Ouro sobre
o Azul”, de Seixas Peixoto
Local: Memorial de
Curitiba – Mezanino da Praça do Iguaçu (R. Claudino dos Santos, 79 – Setor
Histórico)
Data: de 9 de março
(abertura às 19h) a 8 de abril de 2012.
Horário: de terça a
sexta-feira, das 9h às 12h e das 13h às 18h; sábados, domingos e feriados, das
9h às 14h.
Agendamento para
visitas monitoradas: de terça a sexta-feira, das 9h às 12h e das 14h às
18h.
Informações: (41)
3321-3328
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